quinta-feira, 22 de abril de 2010

Brasília 50 anos


Vou usar o exemplo de Gay Talese e falar de Brasília sem nunca ter pisado naquelas terras. Acho que Frank Sinatra não reclamaria. Por isso sou forçado a criar imagens e reviver referencias de todo aquele concreto do Niemeyer. Em 1823, José Bonifácio já havia falado na construção da Capital Federal. Alguns anos depois o santo italiano fundador da ordem dos salesianos da Igreja Católica, Dom Bosco imaginou uma depressão larga e comprida entre os paralelos 15 e 20 graus a partir das margens de um lago. Não fique surpreso, também não entendi.



Retornando, atravesso as enormes avenidas protegidas por volumosas muralhas ministeriais e as ondas religiosas da curiosa e majestosa Catedral. Sigo em frente e logo avisto o Palácio da Alvorada, é a casa do presidente... (desculpe, não me lembro o nome dele). O Itamaraty aparece bem postado. Como um soldado entrincheirado fincado em frente ao Congresso Nacional, que de tão imponente chega a causar náuseas. Deve ser a fumaça da falta de caráter saindo da panela. Não posso me esquecer dos verdes gramados estendidos no caminho. Lembra-me Oscar Wilde dizendo que “Deus, ao criar o homem, superestimou a Sua capacidade”.



O STJ parece mais tímido diante de tantas beldades. A Praça dos Três Poderes relembra Lúcio Costa e exibe com orgulho o Plano Piloto. Ainda por ali o Pendão da Liberdade faz seu papel patriótico. Será que o Museu Nacional tem muita coisa a dizer? Prefiro aguardar o futuro, ou quem sabe, cantar um pouco de Legião Urbana. Estou vendo a ponte Jucelino Kubistchek cortar o lago Paranoá. Sempre lubrificando os olhares de seus moradores.



Paro e observo o enorme firmamento cobrindo a sempre impecável explanada. Muitos diriam que este avião jamais voaria em céus tão distantes. Poucos embarcaram nesta jornada que completa 50 anos. Brasília hoje é cercada por seu entorno de pessoas brasileiras. Cidadãos do norte, nordeste, sul e sudeste. Mas gerações já se formam entre a política e o rock, entre o concreto e o abstrato, sobre a ambição e a descrença. O dia vai caindo e as luzes das janelas e monumentos se acendem. Mais uma sessão é encerrada na cidade cleptocrata.