sábado, 31 de outubro de 2009

SAGACIDADE (PARTE 2)


Trêmulo e acima de tudo preocupado com a ocasião que o esperava, Casio se vê acuada na poltrona de couro com saída somente para um lado. Justamente o caminho da bela Amy chegando e sentando no sofá a sua frente.

- Quero pedir desculpas! Diz Amy olhando firme nos olhos de Casio.
- Por que?
- Por sentir desejo...!
- Desejo?
- Você me faz sentir bem, sua presença me deixa tranqüila e ao mesmo tempo desconfortável!
- Não sei o que dizer!
- Não diga nada...!

Neste momento Casio e Amy se tocaram como deficientes visuais reconhecendo uma obra de Aleijadinho. Cada contato entre pele e pele poderia facilmente ser comparado a sublime inocência do primeiro voo de uma borboleta. Seus mundos fundiram. Suas bocas travaram uma guerra entre fúria e carícia. Prazer, somente o prazer os matariam naquele instante.

- Amy! Pare, não podemos fazer isso!
- Devemos!
- Não, não é certo!
- Não estou entendendo...!
- Eu também não!
- Então o que está acontecendo...!
- Vou me casar na semana que vem!
- E daí?
Novamente o silêncio de Casio transborda o ambiente de perguntas sem respostas. Amy começa a rir imaginando qual seria a desculpa do professor para cancelar o casamento já marcado. A certeza de que isso vai acontecer na vida do noivo em perigo é clara na imaginação da ardilosa fisioterapeuta. Casio levanta-se em direção a cozinha deixando Amy com seu lindo sorriso e a cobiça correndo suas veias.
Continua.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

SAGACIDADE


A festa estava ótima. Vozes ecoavam no ar e despertavam a atenção da vizinhança. Todos estavam felizes por existirem naquele instante de contentamento. Nada poderia se igualar ao momento de reunião entre amigos que há algum período não se olhavam com tempo necessário. Juntos poderiam morrer após se despedirem para voltarem as suas casas. A satisfação e o prazer os tinham dominados.
Dentre tantos seres contentes presentes no espaço público entre a piscina e a churrasqueira, uma mulher se destacava. Sua pele brilhava, seus olhos falavam: “toque-me”. Sua voz excitava até os mais tímidos. A perfeita composição humana estava na frente de Casio. Nada o faria mudar de julgamento sobre tal ser. Seu nome. Amy.
O jovem Casio pensa em como se aproximar da beleza enquanto conversa amenidades com seus amigos. As vozes das pessoas mais pareciam ruídos entrando como faca no ouvido quase surdo do atento professor de geografia. Amy não o conhecia. Muito menos aparentava ter percebido sua presença acanhada. O professor pouco falava na agitada roda de moços maníacos por uma fêmea como a linda fisioterapeuta.
As horas passavam e a vontade de Casio em prendê-la em seus braços aumentava. Um conglomerado de machos já havia tentado alguma aproximação com a garota de voz forte e pernas torneadas. Nenhum obteve êxito, mas a queriam. Todos desejavam tocar os seios da exuberante Amy, mas somente um teria seu desejo realizado. Por um instante Casio sai para buscar mais bebida dentro da casa e sem esperar esbarra com a sua mitologia na porta da cozinha.

- Me desculpe!
- Tudo bem, não foi nada. Já nos conhecemos? Pergunta Amy.
O silêncio de Casio avisa que não.
- Muito prazer, Amy!
- Ca...! Casio!
- Você está bem? Parece tenso!
- Estou bem...!
- Ótimo! Você poderia me ajudar com estas bebidas?
- Claro!
- Seus olhos são verdes?
- São...!
- Parecem refletir seus desejos.
Novamente o silêncio domina Casio.
- Posso te dizer uma coisa?
- Sim!
- Seu rosto me excita!
- Como assim? Diz Casio incrédulo com a citação.
- Deixa pra lá...!

Amy pega algumas bebidas, desvia de Casio e volta para junto de suas amigas. Pasmo, Casio tenta entender aquela frase. “Seu rosto me excita”. Sem coragem para voltar ao lugar de onde pensa nunca deveria ter saído, o professor acomoda-se na poltrona da sala parecendo um velho aposentado enquanto assiste seu programa de TV favorito. Seu mundo parou de girar, apenas a voz do seu pensamento o devora.
Pouco tempo depois uma sombra se aproxima e Casio tenta manter a serenidade. Era ela. Linda e fogosa. Pronta para se entregar ao professor e fazer daquela noite a mistura perfeita entre anseio e gozo. Entre poder e apoderado. Entre um e outro. Suas vidas começariam ali e somente a correta atitude de Casio faria com que eles tivessem algo para terminar.
Continua.