sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Da ponte pra cá




                Desdenhar algum assunto que mereça uma crônica é tão egoísta quanto duvidoso. Curioso talvez, sincero porém. Penso não ter nada para contar, acredito na observação de um pequeno momento sentado na praça da rua dos tolos. Impressionante como percebo o adiamento do escrever. Acho que estava caminhando bem, mas sou obrigado – não sei por quem - a mencionar Fernando Sabino. Algumas palavras da crônica A última crônica, uma vez publicada neste espaço. “A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um”.

                Retornando do Rio Grande do Sul, precisamente de Xangrilá, mais de 24 horas sem dormir. De carro e um reboque atrás carregando aproximadamente 400kg de material para montagem de um espaço maravilhoso de eventos. Os três companheiros de aventura me assistiam com água, comida e boas risadas durante todo o percurso. De volta a Joinville deixei todos em suas casas e fui a uma lanchonete comprar um lanche. Isso era próximo das 23:30hs. Parado com o carro na fila fiquei como sempre. Observando tudo que podia.

                Um carro com quatro pessoas dentro estaciona ao lado desta lanchonete, que somente estava funcionando o drive-tru. Observo sair do veículo o motorista, homem branco aproximadamente 40 anos, passageira da frente, mulher, cabelos pretos cacheados, passageiro da esquerda, moleque de uns 12 anos e o passageiro da direita, moleque, cerca de 9 anos. Todos se encaminham até a porta da lanchonete e se deparam com a ela fechada. O pai então começa a falar com o funcionário que estava ali. O funcionário aponta o local da cabine de pedidos e os quatro andam até lá.

                Aquilo me deixou encucado. Estou há quase quarenta minutos nesta fila, exausto e vão fazer o pedido para aquelas pessoas na minha frente e de mais cinco carros? Não é certo. Pensei mais um pouco e abri a porta do carro. Sai deixando-a aberta. Parei em frente à cabine de pedidos com o motorista ao lado e perguntei ao atendente. Você esta fazendo o pedido deste homem? Disse olhando para o mesmo. O rapaz ingenuamente me responde. Sim, estou fechando o pedido. Pronto, neste momento todas as minhas frustrações, medos, dúvidas e apegos sumiram.

                Olhei bem nos olhos daquele individuo com seus provavelmente filhos ao lado e comecei a soltar palavras em sua direção. “É isso que você ensina para os seus filhos? A furar fila, a levar vantagem sobre os outros, a estar sempre por cima de todos não importando quem é? Você não é homem, você é um mau caráter, um parasita social que só pensa em se dar bem na vida.” Enquanto isso ele tentava se explicar sem nenhum argumento. Seus filhos ficaram atônicos olhando aquela cena grotesca. A mulher provável esposa tentava defender o marido. Mas minhas palavras saiam com tanta força e razão que a intimidação foi inevitável. Neste momento as pessoas dos carros na espera da fila começaram a reagir de apoio a minha atitude.

                Talvez por algum motivo qualquer, me achei no direito de brigar pelo meu direito de espaço. O pedido foi cancelado e a família voltou para o carro de onde saíram. Antes disso passaram em frente ao meu carro com o bico de criança mimada que não ganhou a barbie e sim uma simples tiara de presente da madrinha rica. Minha vez chegou. Pedi dois lanches completos com todos os acompanhamentos possíveis e parti rumo a minha casa. Dormi feito um bebê que brincou o dia inteiro.   
             
               Não despreze as palavras do vídeo de hoje. Vale a pena pensar sobre...!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Crônicas e Cronistas -




Esses dias atrás me apanhei pesquisando sobre cronista, crônica e ocorrências do gênero. Encontrei muita coisa, de concursos virtuais a Lourenço Diaféria. Sujeito do nome eu conhecia, somente não sabia de sua biografia. Ainda sim me surpreendi com algumas de suas crônicas e frases. Uma delas diz: “O cronista precisa fingir que faz crônicas por divertimento e que trabalha por não ter o que fazer. ” Me perguntei então. Faço crônicas ou trabalho? No momento decidi por fazer os dois. Vou continuar fingindo para me divertir e quem sabe trabalhar um pouco por pura distração.

Um pequeno ser atravessou o meu caminho neste sábado de sol e céu azul loco. Ouvi o seu choro desde manhã, mas não conseguia distinguir o que era realmente. Por volta da hora do almoço resolvi sair e ir até a rua para tentar achar o que era aquele barulho. Uns 30 metros depois de casa percebi que o gemido de socorro estava no alto do monte, onde eu conseguia subir apenas até uma parte, não alcançando o que poderia ser esse choro. Acabei ficando preocupado e liguei para os bombeiros. Enquanto esperava os soldados fui lá fora novamente ver como estava o barulho, quando de repente ouço o som ainda mais perto e subo uma pequena parte do morro. Para minha surpresa lá estava ela. Imunda de barro, a doida se jogou num barranco de uns cinco a seis metros de altura quando me viu. Eu podia sentir a sua felicidade ao me ver. Emociono-me com a lembrança. Tenho certeza que se ela falasse diria naquele instante para mim. “Como é bom te ver, me ajude, por favor,”. Foi isso que vi em seus pequenos olhos pretos.

Os bombeiros chegaram e conheceram a pequena guaipeca suja e assustada. Agradeci aos homens de boa vontade e entrei para cuidar daquela maluca. Tinha mais pulga na danada que gols do Messi em 2012. Dei pelo menos umas 15 enxaguadas nela entre shampoo inseticida e arrancadas de pulgas. Contudo, valeu a pena. Hoje é segunda-feira e a pequena Brisa. Esse foi o nome que dei a ela. Já esta interagindo com a Safira, a Jade e o Frederico, até lati no portão de casa. Claro que o seu latido ao lado do da Safira ainda é um pouco inferior, mas a Brisa não deixa barato e manda ira na garganta. Incrível sua energia apesar dos apuros que deve ter enfrentado e sua fragilidade. Figura essa Brisa. Guerreirona.

Assim como comecei, vou terminar com uma frase do Lourenço Diaféria que diz muito sobre o pouco que aproveitamos dos momentos certos. “E este é o nosso grande remorso: o de fazer as coisas urgentes e inevitáveis – tarde demais”. Se eu tivesse a obrigação de te dar um conselho hoje para que você tenha uma vida mais interessante eu diria o seguinte. “Problema seu.”

 

O vídeo de hoje é para quem gosta de velocidade e para quem não gosta também. É uma disputa entre um Fómula 1, uma moto Honda 1100 e um Super Boat. Insano isso. O ronco dos motores é música para os ouvidos...! Abraço e até sexta-feira!