Boas
notícias. Cinquenta e um dias de tratamento e sinto-me muito bem. Claro que a
minha querida amiga náusea vez ou outra aparece para me visitar. Daqui a pouco,
tenho consulta com o oncologista Dr. Luiz Fernando, para definir a última
sessão do tratamento e já me organizar para minha volta a Brasília. Na próxima
semana farei as cinco aplicações de quatro horas cada. Estou ansioso para
começar e ainda mais ansioso para terminar esta última aplicação.
Tenho
recebido recomendações para que eu não fique pensando em voltar logo para
Brasília e pensar no meu tratamento. Mas o que posso fazer se estou com a
cabeça cheia de planos e vontades de aprender e ensinar cada vez mais. Nestes
51 dias de tratamento tenho me poupado de muita coisa. Principalmente de
aborrecimentos e preocupações desnecessárias. Minha saúde agradeceu. Mas agora
que estou nesta reta final, nada mais justo que eu comece a desenhar minha vida
novamente. As páginas que deixei em branco neste período foram preenchidas pelo
carinho e palavras de força vindas de todos os lados. Isso eu jamais
conseguirei agradecer a cada um de vocês.
Neste
período descobri que os amigos existem e estão mais próximos do que se imagina.
Este papo egoísta de que uns são colegas e outros poucos são amigos é conversa
de gente negativa. Somos todos amigos sim, apenas não podemos dar sempre a
atenção devida que cada um merece, pois temos nossas vidas e principalmente
nossas obrigações. Mas sabemos quem é quem e principalmente com quem podemos
contar sempre que necessário.
A
dica para uma vida mais interessante de hoje será em homenagem ao centenário de
Nelson Rodrigues, o qual considero um fanfarrão da literatura, um desbocado com
uma máquina de escrever nas mãos, um gênio mal educado. Nelson escreveu: “Existem
situações em que até os idiotas perdem a modéstia”. Neste caso só tenho a pensar
que ele sempre foi um idiota, mas como ele mesmo disse: “Toda coerência é, no
mínimo, suspeita”.