terça-feira, 11 de setembro de 2012

Crônicas de um Tumor (D68) A Cura


 

Cansado, exausto, a ponto de ficar sem entender o porquê de tudo o que estava acontecendo. Permaneci dias querendo não estar ali, deitado. A última sessão foi tão complicada quanto às duas anteriores. O desgaste já era grande e estávamos sentindo o peso de alguma coisa qualquer. Os lanços foram constantes durante um bom período, tudo me irritava e não suportava o meu cheiro. Inchado igual um baiacu. O tempo por algum instante insistia em não passar.

Na aplicação que fiz terça-feira (4) passada eu estava bastante debilitado, cheguei no setor de oncologia derrubado, mas de cabeça erguida, sabendo que a vitória ficava logo ali na próxima curva. Ai é só pegar a reta e esperar pela bandeirada. Por isso tenho boas notícias. Eu estou curado. Fui ao médico na quinta-feira (6) e meus exames estão excelentes. Alfa-Feto Proteína, Beta-HCG e Desidogenase Lactica, todos sorrindo pra mim. Números felizes por natureza.

Tiramos aquele peso do corpo, nos sentimos mais leves e confiantes de termos feito tudo para que passássemos por isso da melhor maneira possível. A Rainha sentiu comigo cada agulhada e olha que não foram poucas, entre 30 e 35. Os braços ficaram doloridos vários dias, algumas veias endureceram também.  Sem a Rainha tudo seria muito mais difícil com certeza. Tornamos-nos ainda mais amigos. Mais cúmplices e amantes. Coisas da vida, ou não.

Obrigado a todos pelo carinho e dedicação. Por acompanharem e dedicarem o tempo de vocês em saber como eu estou. Orgulho-me de ter amigos como vocês. Também fiz novos amigos. Não poderia citar o nome de cada um aqui, pois cometeria uma injustiça se esquecesse de alguém. O mundo é feito de pessoas como vocês de corações enormes, de guerreiros e guerreiras.  Mais uma vez obrigado, sempre.

Contudo, ainda não acabou. Amanhã tenho uma última aplicação de uma hora e meia mais ou menos. Agora minha dica de hoje para uma vida mais interessante é tão fácil quanto jogar futebol com a China. Será que agora o Mano vira rei. Palhaçada, mas voltando a dica, é o seguinte. “A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.”