segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

DESVAIRADAS CONTRADIÇÕES


Meu nome é Mark Val. Sou usuário de drogas a mais de vinte anos. Sempre me condenam pela minha falta de coragem e vontade. Mas não entendo muito algumas atitudes contraditórias. Meu tio é engenheiro civil, já construiu projetos gigantescos e mora em uma pequena casa de apenas dois quartos, sala, cozinha, banheiro e um cachorro pulguento. Minha tia é cabeleireira e tem um cabelo de dar medo. Meu pai é pintor e até hoje não terminou de pintar a nossa casa. Minha mãe é costureira e vive andando com roupas rasgadas. Meu irmão é uma “bicha” e só anda com mulher gostosa. Minha irmã diz que é virgem e só falta voar de tão mentirosa.

Muitas coisas me confundem a cabeça. Claro que aquele pozinho branco ajuda, mas nada que se compare ao êxtase. Sinto-me como uma borboleta em busca de um nariz perfeito para pousar. Não ria! É verdade! Ontem eu fui acender um cigarro de maconha de origem marroquina e queimei a sobrancelha. Ficou um cheiro horrível. Sabe como é. Tudo bem, a vida continua, só o cigarrinho do capeta que acabou. Não faz mal, outros chegarão em breve. Não sei se isso é bom ou ruim.

Hoje eu estava sentado, bem confortável, numa poltrona reclinável de couro preto e descobri a minha verdadeira missão na terra. Comer todas as batatas fritas do Mc`Donalds. Ridículo, porém, delicioso. Diante da descoberta pedi dois Bic Mac`s para matar a larica. Termo muito utilizado no meu ramo de atuação quando acontece um evento com nosso corpo chamado, fome. Saciada a lara, fui repousar um pouco. Deitei-me sobre a rede no jardim e dormi por aproximadamente duas horas. Sonhei que o Al Pacino estava me seguindo e queria me matar, pois o Wesley Snipes estava devendo uma grana para ele e eu era a ponte entre os dois. De repente a Eva Green sentada num café a beira da avenida Paulista acenava com as mãos em minha direção. Corri ao seu encontro de imediato. Ao atravessar a pista não percebi a aproximação de um caminhão tanque.

Acordei gritando, enquanto meu supervisor me dava tapas na cara para que eu acordasse. Abri os olhos e a minha primeira visão foi o Sr. Malcon me olhando espantado. Parecia ter visto a ressurreição do Saddam Hussein. Esbravejou e voltou para dentro do laboratório. Não entendo essas atitudes contrárias. Sou provador de drogas ilícitas a duas décadas do laboratório de narcóticos do Instituto N.O.I.A.S – até hoje não sei o significado desta sigla – e jamais havia experimentado algo tão revolucionário até aquele momento. Uma droga chamada “Você”.